Bancários do Rio protestam contra os ataques de Temer aos bancos públicos

Os bancários do Rio de Janeiro realizaram nesta quinta-feira, dia 20, dois protestos contra o desmonte dos bancos públicos imposto pelo governo Michel Temer. As atividades fizeram parte de uma mobilização nacional da categoria. Os sindicalistas denunciam que o Palácio do Planalto iniciou uma série de medidas para esvaziar estas empresas com o objetivo de implementar um novo processo de privatizações no país.   

A primeira manifestação aconteceu ao meio-dia, em frente ao prédio da Caixa Econômica Federal, na Avenida Almirante Barroso.

“Estamos unidos e mobilizados em defesa da Caixa e de seu papel enquanto empresa pública, que está ameaçado por um governo ilegítimo, que impõe, entre outras medidas, o fechamento de agências, que prejudica toda a população e compromete a função social do banco”, disse o diretor da Fetraf RJ/ES (Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) e membro da Comissão de Empresa dos Empregados da Caixa, Ricardo Maggi.

 

A volta da RH 008

 

Enilson Nascimento, bancário aposentado e ex-diretor do Sindicato, criticou a intenção do governo de ressuscitar a RH 008, normativo da Caixa que permite ao banco demitir seus empregados sem justa causa e que foi muito utilizado durante o governo tucano de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

“Naquela época denunciávamos os riscos desta medida e muita gente que não deu ouvidos e acabou sendo dispensada. Agora precisamos estar atentos pois o Temer quer retomar novamente esta terrível prática contra os empregados”, destaca.

 

Sobrecarga de trabalho

 

O diretor do Sindicato, José Ferreira, criticou o atual presidente do banco, Gilberto Occhi, nomeado por Temer, por fatiar e esvaziar a Caixa e reduzir o número de unidades com o objetivo de privatizar os bancos públicos.

“O pagamento de contas inativas do FGTS foi exemplo do desprezo da direção da Caixa com seus empregados. Os bancários ficaram sobrecarregados, trabalharam além da jornada e até aos sábados para atender a população porque o banco não contrata novos concursados”, acrescenta. O sindicalista criticou também o resultado do lucro em 2016 anunciado pela Caixa, de R$4,1 bilhões, bem abaixo da projeção inicial feita pela própria direção da empresa, de R$6,9 bi. Para o movimento sindical, além de repercutir negativamente na PLR dos bancários, frustrando as expectativas dos trabalhadores, os números podem ter sido manipulados para o governo alardear uma falsa “ineficiência” a fim de justificar a privatização da instituição.

BB: ato no Sedan

Por volta das 13h, o Sindicato do Rio realizou novo protesto, desta em vez em frente ao prédio do Banco do Brasil na Avenida Senador Dantas, também no Centro da cidade. Durante a manifestação, o diretor da Contraf-CUT, Marcello Azevedo, criticou a aprovação do requerimento de urgência da reforma trabalhista, após duas tentativas seguidas, em 48 horas, do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

“Querem extinguir os direitos trabalhistas, que vai elevar ainda mais a rotatividade e a precarização do trabalho no Brasil e vão retomar a política de reajuste zero da época de FHC. Com o trabalhador sem direitos o governo vai querer disseminar a falsa ideia de que os funcionários dos bancos públicos são ‘privilegiados’ para justificar mais ataques aos direitos do funcionalismo. Com a reforma trabalhista, os brasileiros terão jornada de 12 horas e o governo vai dizer que os trabalhadores do setor público têm privilégio por possuírem uma jornada de seis horas, como é o caso da categoria bancária”, afirma. Marcelo destacou ainda que o desmonte do BB, com a redução de dezenas de agências no Rio de Janeiro e centenas em todo o país tem por objetivo justificar uma falsa “inviabilidade” da empresa para impor a sua privatização.

“Por isso, a mobilização de toda a sociedade é fundamental para organizarmos uma greve geral que possa parar o Brasil”, conclui.

Ao final das duas atividades, no BB e na Caixa, a Companhia de Emergência Teatral, do talentoso e premiado ator e diretor Marcos Hamelin, apresentou duas esquetes.

As apresentações atraíram ainda mais a atenção de populares, que passavam pelo local. Temer e Rodrigo Maia foram os principais alvos das críticas bem-humoradas e debochadas dos artistas.

Compartilhe:

Compartilhar no facebook
Facebook
Compartilhar no twitter
Twitter
Compartilhar no whatsapp
WhatsApp
Compartilhar no telegram
Telegram