Bancários contestam prêmio dado a bancos

Surpresa. Foi esta a sensação dos bancários do Bradesco, do Unibanco e do Real quando ficaram sabendo que seus bancos haviam sido incluídos em uma lista com as melhores empresas do Brasil para se trabalhar.

Todo ano, a Editora Abril realiza uma pesquisa com critérios próprios e muito particulares e aponta as teoricamente 150 melhores empresas do Brasil no quesito satisfação dos funcionários.

“Alguma coisa deve estar errada aí. A nossa experiência dentro das agências e concentrações mostra uma realidade bem diferente e muita insatisfação”, diz o diretor do Sindicato e funcionário do Unibanco Carlos Damarindo, o Carlão.

Uma leitura cuidadosa da revista revela uma visão distorcida da realidade. Os textos de apresentação e aqueles que explicam os critérios da pesquisa deixam claro que os responsáveis pela publicação não consideram um problema o assédio moral e a pressão por metas. “Pelo contrário. Eles valorizam a competição e a guerra entre colegas de banco para crescer dentro da empresa a qualquer custo. Definir metas absurdas de vendas, para este pessoal que faz essa revista, é dar chances de crescimento profissional. É uma maneira muito estranha de se pensar um local saudável para se trabalhar”, avalia Érica Simões, diretora do Sindicato e funcionária do Bradesco.

Unibanco – Carlão lembra que, em 2007, o Unibanco gerou revolta geral ao reduzir os programas de remuneração, descontando a RR da PLR, além de aplicar políticas que fizeram crescer a pressão por metas. Entre as muitas outras questões que geraram reclamações dos bancários, Carlão lembra as mudanças de escala de última hora no Call Center, os problemas sérios de saúde enfrentados por funcionários do Centro Administrativo Unibanco (CAU) por conta de água contaminada nos bebedouros e as péssimas condições de trabalho dos cerca de 500 funcionários no prédio da São João, com vazamentos, mobiliário inadequado e escalas de trabalho confusas.

Bradesco – “Será que a pesquisa considerou a violência a que estão expostos os bancários do Bradesco? O banco insiste em manter agências sem porta de segurança e os assaltos são quase diários. Neste ano, um vigilante sem colete a prova de balas morreu dentro de uma agência”, lembra a dirigente. Ela destaca ainda como exemplos negativos a pressão e a cobrança abusiva por metas, a falta de um plano de carreira claro e que crie uma perspectiva de ascensão para os bancários.
No quesito saúde, a dirigente do Bradesco lembra a falta de ambulatório no atendimento na Cidade de Deus, que é reivindicada há anos pelo Sindicato. “Se a gente começa a citar tudo, a lista não vai ter fim: demissão de funcionários prestes a se aposentar, ratos e pulgas no Telebanco, assédio moral constante, sobrecarga de trabalho, falta de auxílio educação, é muita coisa.”

Na questão do auxílio-educação, por exemplo, Érica destaca que o Bradesco é uma dos poucos bancos a negar o benefício, apesar de exigir que seus funcionários cursem a faculdade.

Real – Já o Real, vendido recentemente para um consórcio do qual faz parte do Santander, está há quase dois anos com uma pauta de reivindicações dos bancários sem dar resposta. “Entre elas está a grave situação de funcionários que exercem a mesma função e ganham salários diferentes, algo muito comum dentro do banco e que gera muito mal estar. Exigimos também a isonomia de direitos entre todos, mas o banco foge dessa discussão”, destaca o diretor do Sindicato e funcionário do banco Marcelo Gonçalves. Ele lembra ainda que os empregados sofrem com a falta de contratações. “Desde o projeto Conexão Real, quando os funcionários se desdobraram para conquistar novos clientes, estamos com uma grave defasagem de pessoal”, lembra.

Fonte: Seeb SP

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