Em aniversário de 83 anos, Sindicato dos Bancários de Porto Alegre pede combate ao retrocesso

Assim que pegou o microfone para dar início ao Ato contra a Ditadura do Capital e pela Democracia dos Trabalhadores, na noite da segunda-feira, (18), dia também do aniversário de 83 anos do SindBancários, na sede da Fetrafi-RS, o ex-prefeito de Porto Alegre, Raul Pont, lembrou as origens do Fórum Social Mundial Temático. Na noite do Esquenta FSMT16, Raul Pont e os demais integrantes da mesa defenderam o resgate das origens do fórum e alternativas que possam enfrentar uma onda de exacerbação política em direção ao fortalecimento do capitalismo, ao retrocesso, com ameaças de perdas de direitos dos trabalhadores.

Primeiro a falar, Raul Pont lembrou de uma reunião na França de que participou quando ainda era prefeito de Porto alegre no início da década passada. A Frente Popular cumpria os últimos tempos de seu mandato. Na França, intelectuais discutiam qual deveria ser o rumo de um evento que pudesse unir, ao mesmo tempo, ideais de esquerda mais progressistas e combater o neoliberalismo. E, claro, discutiam qual o território ideal para lançar um projeto que pudesse contrapor Davos, a cidade suíça que reunia os grandes capitalistas mundiais. Era preciso traçar e executar alternativas para a luta da esquerda nesse contexto.

Pois a experiência do Orçamento Participativo (OP) reuniu as condições para tornar Porto Alegre a capital do sonho de “um outro mundo possível”, referência à consigna do Fórum Social há 15 anos. “O Orçamento Participativo é considerada a experiência antineoliberalismo mais importante do mundo. O primeiro fórum foi uma experiência riquíssima do ponto de vista da socialização do continente. Teve um papel no revigoramento da nossa luta. A melhor forma de enfrentarmos o neoliberalismo é com o processo de democratização profunda e radical de todas as esferas da vida”, afirmou Pont.

Ex-presidente do SindBancários, ex-governador do Rio Grande do Sul, deputado federal e ex-prefeito de Porto Alegre, Olívio Dutra, exaltou a comemoração dos 83 anos do Sindicato. Para Olívio, ainda vivemos em um tempo em que as leis do mercado ordenam o mundo e é preciso resgatar o humano como “centro da política”.  O FSMT faz isso há 15 anos e é preciso que continue fazendo. “O Fórum Social Mundial não está esgotado. É uma iniciativa recente na história da humanidade. A importância dele é promover a troca e o intercâmbio de experiências, fundamental para que possamos organizar melhor uma sociedade de igualdade, fraternidade e solidariedade”, discursou Olivio.

Mas há uma questão a desafiar os homens e mulheres que acreditam em outro mundo possível. Olívio diz acreditar que estamos novamente enfrentando um momento de desafio. O Brasil é um território exemplar do avanço que o neoliberalismo procura refazer sob a forma de retomada de estruturas de poder. A Argentina e a Venezuela são outros. Pensemos no golpismo, na tentativa de retirada de direitos dos trabalhadores pela pauta da terceirização no Congresso Nacional e no próprio Congresso. De fato, temos uma das formações parlamentares mais conservadoras da história. “O neoliberalismo está nadando de braçada em todos os espaços. Precisamos de muito mais integração, de intercâmbio e formular alternativas para que a multiplicidade, que é a nossa riqueza, possa construir unidade”, ensinou.

Elite e avanço da democracia

O presidente da Contraf-CUT, Roberto van der Osten, inaugurou o tom bancário nos discursos de abertura do Ato e do Esquenta Fórum Social Mundial Temático 2016, na sede da Fetrafi-RS. Para ele, o FSM surgiu como um espaço em que lutadores das causas sociais passaram a acreditar que outro mundo era possível. Mas então vieram os anos de 2007 e 2008. A crise internacional, na visão de Roberto, mostrou do que o capitalismo, sobretudo o sistema financeiro, era capaz.

“Nós conhecemos quem são os nossos patrões. Estamos vivendo outro momento. A democracia é assediada pelas elites no Brasil que não se conformam com o avanço da democracia. Preste atenção no que está ocorrendo. Estamos vendo renascer o movimento fascista, o que achávamos que já estava superado”, pontuou Roberto.

O presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, exaltou o aniversário de 83 anos do Sindicato, teceu comentários sobre a formatura dos oficineiros da Oficina Literária do SindBancários e criticou fortemente os ventos do neoliberalismo e a sua forma de operar. “O neoliberalismo opera a pauta da retirada de direitos. A grande missão dos fóruns é estreitar laços de solidariedade da classe trabalhadora. O fórum é uma oportunidade de os trabalhadores se enxergarem ao lado de setores da esquerda e estabelecer novas metas de luta”, salientou.

Claudia Prates, integrante da Marcha Mundial das Mulheres, lembrou do quanto 2015 foi difícil. “Tivemos um ano muito difícil com ameaças constantes de retirada de direitos. Nos orgulhamos muito de fazer a disputa e de lutar pela ampliação de direitos das mulheres e contra o paternalismo”, registrou.

O diretor da Fetrafi-RS, Arnoni Hanke, assinalou o quanto a Federeção estava honrada de receber em sua nova sede evento que reunia abertura do FSMT 2016, o aniversário do SindBancários e a formatura dos oficineiros da Oficina Literária do SindBancários. “Somos empregados dos grandes geradores de crises mundiais. A inflação está em 10%, e os bancos cobram 400% de juros no cheque especial e no cartão”, lembrou.

O presidente da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, Cassio Trogildo, lembrou de sua trajetória como bancário, dos tempos em que trabalhou no banco Sul-brasileiro e de sua experiência como trabalhador do Banco Meridional. Exaltou também a importância da luta histórica do SindBancários em defesa dos direitos dos bancários. “A luta do Sindicato pela criação do Banco Meridional reuniu o atual prefeito de Porto Alegre José Fortunati, como presidente do Sindicato, e o ex-governador Olivio Dutra  como secretário geral”, contou.

O presidente do SindBancários, Everton Gimenis, falou no encerramento do Ato. Gimenis elencou a terceirização, aumento dos juros, recessão e desemprego como fatores que formam “uma conjuntura muito difícil” e defendeu a taxação das grandes fortunas. “Precisamos de espaços de debate e reflexão como é o Fórum Social Mundial. O nosso Sindicato participa desde a primeira edição. E um dos debates que precisamos fazer é sobre a regulamentação do sistema financeiro. Os bancos têm que desempenhar um papel social e investir seus lucros nas pessoas. É preciso socializar os lucros com os trabalhadores. Quem tem que pagar a conta da crise não são os trabalhadores”, definiu Gimenis.

Estrela do Fórum visita Esquenta FSMT 2016

O sociólogo português Boaventura Sousa Santos esteve no aniversário de 83 anos do SindBancários e participou do Esquenta FSMT 2016. Boaventura comentou sobre a crise financeira e o papel do sistema financeiro na sua produção. “Os bancos contêm nossos depósitos e começam a especular com o nosso dinheiro. Pensões de muita gente foram devoradas pela crise e, obviamente, depois vêm da economia”.

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