Ato na Câmara amplia mobilização pelo caráter 100% público da Caixa

Debate reforça unidade e aclama manifesto ‘A Caixa não se vende’

O Ato em Defesa da Caixa 100% Pública, na Câmara dos Deputados, prosseguiu na tarde desta quarta-feira (25), com debates e apresentações sobre a situação do banco, além da definição de estratégias contra qualquer tentativa de abertura de capital.

A mesa foi integrada por Fabiana Matheus, coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE-Caixa – Contraf-CUT); Fernando Neiva e Maria Rita Serrano, representantes dos trabalhadores no Conselho de Administração da Caixa; Donizete Fernandes, coordenador do Fórum Nacional de Reforma Urbana; Felipe Mirando, técnico da subseção do Dieese na Fenae; e Dionísio Reis, membro da CEE-Caixa e diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.

Os trabalhos, coordenados por Fabiana Matheus, foram iniciados com uma manifestação de repúdio ao deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Casa, pela demora na definição do local do evento, apesar do pedido ter sido feito com antecedência de mais de um mês pela deputada Érika Kokay (PT-DF), comportamento visto como um “boicote”. Inicialmente, o ato estava marcado para o Auditório Nereu Ramos (o maior da Câmara), mas um dia antes de sua realização foi transferido para o apertado Auditório Freitas Nobre, no Anexo IV.

Ao abrir as discussões, Fabiana Matheus ressaltou que o momento é propício para a mobilização em defesa do caráter público da Caixa Econômica Federal. “Há uma tendência do mercado de querer impor uma visão neoliberal nas políticas do governo federal. Os mais de 100 mil empregados, os demais trabalhadores e a sociedade brasileira não vão deixar que vendam um percentual sequer do banco”, declarou.

Fernando Neiva destacou que essa é uma luta importante para o país, devendo ter por principal referência a força do coletivo. “Esse ato de hoje é uma demonstração da unidade do movimento, pois conta com a presença de representantes de diversas tendências políticas. Isso vai possibilitar o fortalecimento da mobilização em torno da Caixa 100% pública”, disse.

Ele acrescentou: “A participação dos empregados no Conselho de Administração tem sido fundamental para conhecer a Caixa por dentro, sendo esta uma conquista histórica e que precisa ser valorizada”.

Maria Rita Serrano considerou importante dar maior clareza ao projeto de Caixa que os empregados e a sociedade querem. “A questão de fundo é a luta para definir o controle social do Estado brasileiro”, frisou. “A posição dos trabalhadores em defesa do banco 100% público, a serviço do Brasil e do povo brasileiro, será levada para o Conselho de Administração”, completou.

Ela apresentou números sobre a Caixa, mostrando que a empresa injetou R$ 689 bilhões na economia em 2014, o que representou mais de 13% do PIB. “No ano passado, o banco foi o único a aumentar o número de empregados, contratando mais de quatro mil, enquanto os cinco maiores privados fecharam 8.390 postos de trabalho”, lembrou. E sentenciou: “Se houver a abertura de capital, o país perderá um poderoso instrumento de política pública, que tem trazido resultados sociais e econômicos positivos”.

Para Donizete Fernandes, a Caixa tem sido uma importante aliada da luta por uma política pública de habitação popular. “Defendemos a Caixa porque somos cidadãos brasileiros e lutamos por moradia. Quem tem que administrar os recursos de moradia no Brasil é banco público”, admitiu.

Ele disse ainda, depois de defender que a política do programa Minha Casa Minha Vida torne-se política de Estado em termos definitivos, que o movimento nacional de moradia popular irá realizar ato no próximo dia 15 de abril, em Brasília, cujo principal foco será a defesa da Caixa 100% pública.

Ainda no debate da Câmara, o técnico da subseção do Dieese na Fenae traçou um panorama geral sobre a situação da Caixa Econômica Federal e de seu papel social. Ele afirmou que o DNA do banco é de volta às origens, dado que a instituição cobre interesses das classes sociais de baixa renda e dos trabalhadores, com destaque para o FGTS. “Isto torna a empresa completamente diferente das demais instituições, cujo foco é a obtenção de lucro com o menor custo possível”, ressaltou Felipe Miranda.

Ele lembrou que a Caixa possui a maior base de clientes do país: são aproximadamente 78,5 milhões, estando presente em 100% dos municípios. Ele afirmou também que, das cinco maiores empresas estatais do Brasil, o banco apresenta a maior média percentual de distribuição de dividendos do Tesouro Nacional nos últimos 10 anos, não havendo qualquer necessidade de abertura do capital para gerar recursos à União.

Manifesto

Ao final do evento na Câmara, foi aclamado o manifesto “A Caixa não se vende”. O texto, assinado por Contraf, Fenae, CUT, CTB, Intersindical e CSP-Conlutas, destaca que “os clientes depositam nessa instituição secular suas esperanças e seus sonhos” e que “só a Caixa 100% pública pode ser uma ferramenta para o Estado brasileiro atuar no mercado financeiro no sentido da diminuição dos juros e do spread bancário”.

O manifesto diz ainda: “Vender o patrimônio do povo brasileiro para fazer superávit primário para pagar juros ao sistema financeiro é um filme que já vimos. Sabemos onde vai dar esse caminho equivocado: demissão, arrocho e, por fim, privatização, como ocorreu com os bancos estaduais no passado, sem que isso representasse uma solução duradoura para o Estado brasileiro”.

E finaliza: “A inclusão social, o acesso à moradia, o planejamento urbano, enfim, todos esses valores que conferem dignidade ao povo brasileiro e que são a razão de ser da Caixa são valores inegociáveis. A Caixa é do povo. A Caixa não se vende”.

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