Associados condenam identificação do voto em assembleia da Cabesp

Participantes cobraram também mais transparência da diretoria da Cabesp

Na manhã do último sábado, dia 28 de março, os banespianos que foram até o Esporte Clube Banespa, em São Paulo, mais uma vez assistiram a um show de intransigência e falta de transparência da diretoria da Cabesp, durante a assembleia anual que aprovou a prestação de contas de 2014 e de dotação orçamentária de 2015.

São inúmeros os problemas verificados. Alguns não são inéditos, pois já é recorrente, por exemplo, a identificação das cédulas de votação (o que constrange as pessoas, principalmente os funcionários da Cabesp que também são associados).

“Isso fere profundamente a democracia, que pressupõe o voto secreto, para que o eleitor possa escolher livremente”, destaca o secretário de Imprensa da Contraf-CUT e diretor da Afubesp, Ademir Wiederkehr, que também cobrou melhoria da assistência médica, como em Caxias do Sul (RS), bem como agilidade e aumento nos valores de reembolsos.

A postura do presidente da Cabesp, Eduardo Prupest, também não mudou. Ele conduziu mais uma vez de forma ditatorial a assembleia (limitando as falas dos associados em três minutos, mas ele próprio ficou falando por mais de 1 hora).

A coleta de votos ocorreu novamente antes do final dos debates, atitude que motiva os associados a votarem e irem embora sem ouvir questionamentos importantes.

Essa última irregularidade foi registrada em ata pelo diretor da Afubesp, José Aparecido da Silva, o Chocolate, que foi indicado representante dos associados na mesa que coordenou os trabalhos.

“A abertura de votação em urnas percorrendo o plenário antes do debate das propostas apresentadas fere todo e qualquer princípio democrático. Reforçamos nossa solicitação de se abrir tais urnas somente após o término dos debates, ficando a Cabesp em situação de possível ilegalidade”, diz o documento.

Um exemplo de como esse sistema pode ser prejudicial aos associados foi a aprovação do referendo para mudança no regulamento dos Planos PAP e PAFE, que mexe no custeio do plano. A Afubesp irá publicar em breve matéria específica sobre o assunto.

“Muitos votam e vão embora sem escutar as discussões e esclarecimentos necessários”, comenta o presidente da Afubesp, Camilo Fernandes. O pior é ver os eleitos sem defender aqueles que os elegeram. É lamentável. Eles se limitam a fazer uma “leitura” do que ocorreu em 2014. Para variar não se posicionam sobre esses problemas, ficam em silêncio ou por subserviência ao presidente ou por medo”, diz indignado.

Perguntas sem respostas

Apesar de ver a assembleia se esvaziando, os diretores da Afubesp permaneceram fazendo perguntas, em busca de respostas para as demandas dos associados. Wagner Cabanal, por exemplo, questionou o porquê de “esconder” os números da Caixa dentro do site, o que ocasionou dificuldade para os colegas encontrarem o relatório.

As pessoas votaram sem saber, por exemplo, por que a despesa com aplicações financeiras em 2014 foi de R$ 940 milhões, enquanto em 2013 ela foi de R$ 363 milhões. Outra: o relatório informa que 1.631 pessoas foram atendidas no Espaço Saúde da Cabesp. “Como ficam os outros beneficiários? Somos mais de 80 mil”, questiona o dirigente.

“O método de votação adotado tira as pessoas do debate e a diretoria se sente tranquila em deixar as perguntas sem respostas, comenta Cabanal, que conclui: “o que nos parece é que só querem usar a assembleia para aprovação das contas, porque sequer se comenta sobre o Cabesp Família, por exemplo.”

Cabesp Família

Antes de iniciar a assembleia, os presentes receberam um panfleto informando a tentativa da Afubesp de conversar com a Cabesp sobre o novo reajuste no Plano Família, que deve passar a vigorar em 1º de maio.

Além disso, os dirigentes da entidade presentes na prestação de contas perguntaram informações sobre o assunto. Prupest, no entanto, apenas disse que o reajuste será anunciado nesta quarta-feira, dia 1º de abril.

Segundo os dados do relatório de atividades, o Cabesp Família perdeu 3.611 usuários de 2014 para 2015. Tudo indica que essa redução drástica de beneficiários está diretamente ligada ao reajuste de 30,44% aplicado no ano passado.

A insatisfação das pessoas com essa questão também está explícita nos registros de reclamações na Ouvidoria da Cabesp, cujos números foram apresentados também na assembleia. “Fazendo as contas a gente percebe nitidamente que 70% das queixas são referentes ao aumento no Plano Família, mas o presidente insiste em dizer que não”, salienta Chocolate.

Ademir reivindicou ainda a realização das assembleias da Cabesp no mesmo dia das do Banesprev, como ocorria anteriormente. “Além de reduzir custos de viagem, isso evitaria que os associados, muitos já idosos, tenham que se deslocar duas vezes no período de um mês para a capital paulista”, justificou.

Compartilhe:

Compartilhar no facebook
Facebook
Compartilhar no twitter
Twitter
Compartilhar no whatsapp
WhatsApp
Compartilhar no telegram
Telegram