ARTIGO: O Apagão Ferroviário de São Paulo

por William Mendes*

O que fazemos para a grande mídia deixar de nos chamar de idiotas e achar que somos alienados e tontos manipuláveis? Pelo amor de Deus (força de expressão por estar em um país religioso)! Será que existe alguma mídia (jornal, revista, rádio ou tv) que poderia discutir, pesquisar, falar a respeito, dar publicidade, fazer matéria investigativa de qualidade etc e etc sobre o Apagão Ferroviário do Estado de São Paulo??

O transporte ferroviário de São Paulo foi completamente sucateado nos últimos 16 anos de governos tucanos. Qualquer cidadão hoje percebe que há poucos funcionários de carreira (concursados); não houve investimento no aumento da malha ferroviária nessas duas décadas; virou lugar-comum em horários de pico esperar quase dez minutos por um trem do metrô (e o som do auto-falante fica inventando mil desculpa, como coisa ou gente caída nos trilhos, falta de energia elétrica e blá-blá-blá); até as escadas rolantes agora vivem quebradas!

O governo paulista, defensor do estado mínimo, terceirizou a construção da Linha 4 do Metrô com um contrato de menor preço fechado, onde o grupo ganhador faz a obra como achar melhor. O resultado é que em toda a história de construção do sistema metroviário no Estado, nunca houve tantos acidentes e problemas como com essa porcaria de terceirização. A cidade virou um queijo suíço por onde passou a construção e, se houver novos acidentes, é provável que os jornalões continuem atribuindo ao acaso, azar, ou fatalidade, onde ninguém tem culpa. Veja a versão do grupo responsável publicada hoje (facilmente “achável” quando se trata de ser informação positiva ou neutra para o Governo do Estado Tucano): Consórcio da linha 4 do metrô de SP culpa “rocha gigante” por tragédia na obra de Pinheiros .

Os trens da CPTM então, nem se fala! Vivem lotados, com vagões sucateados, pisos remendados (às vezes parecem afundar quando pisamos). Sem contar que se fala a cada período de eleição que serão criadas novas linhas e malhas ferroviárias e aí ficamos vendo os desenhos nos gráficos eternamente! De vez em quando se faz um tremendo auê para se entregar um trem novo ou repintado…

E tudo isso em um momento em que chegamos à conclusão que não dá mais para se andar em São Paulo sobre veículos de rodas porque a cidade parou. Não há mais ruas para os carros existentes! Acabou! Não se anda mais no trânsito na Grande São Paulo.

Como deveria ser bom vivermos num país com uma imprensa severa e firme com relação a qualquer governo, de qualquer partido, em qualquer veículo de informação. Que fossem verdadeiras essas frases publicitárias: “De rabo preso com o leitor”; “o leitor em primeiro lugar”; “compromisso com a verdade”; blá-blá-blá.

Como cidadão, não posso esmorecer. Não posso deixar de lutar por um mundo melhor (para o povo, não só para os ricos) e com respeito ao próprio planeta que nos acolhe.

*William Mendes é secretário de Imprensa da Contraf-CUT

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