Após nove trimestres no prejuízo, Banco Votorantim volta ao azul

Valor Econômico
Daniela Machado e Carolina Mandl

Depois de nove trimestres consecutivos de prejuízo, o Banco Votorantim encerrou os últimos três meses de 2013 no azul. O banco controlado pela família Ermírio de Moraes teve um resultado de R$ 121 milhões de outubro a dezembro, em boa parte alavancado pela adesão ao programa de parcelamento de débitos com a União (Refis).

No ano passado como um todo, a instituição registrou perdas de R$ 512 milhões, abaixo do prejuízo de R$ 1,988 bilhão visto em 2012.

Daqui para a frente, é uma trajetória de lucratividade que o banco espera seguir. “Agora chegou o momento em que vamos construir o futuro”, afirma João Roberto Teixeira, presidente do Votorantim. “O banco está equacionado”, diz o executivo, referindo-se aos problemas que a instituição enfrentou com os calotes.

Não foi um lucro fácil de ser alcançado. No último trimestre de 2013, o Votorantim precisou honrar R$ 517 milhões de uma fiança bancária dada ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em um financiamento concedido à OSX.

Com isso, depois de vários trimestres seguidos de redução, o banco viu suas despesas com provisões para crédito subirem para R$ 1,27 bilhão no último trimestre do ano passado, com alta de 33,1% na comparação com igual período do ano passado. Parte da escalada também veio de um reforço que o banco fez no seu saldo de provisão, com o objetivo de fortalecer o balanço.

Em meio a despesas com créditos de má qualidade mais elevadas no fim do ano passado, o ganho de R$ 377,7 milhões trazido pela adesão ao Refis foi bem-vindo. Teixeira afirma, porém, que, mesmo sem a receita extra do programa de parcelamento de impostos, o Votorantim alcançaria o equilíbrio.

De acordo com o executivo, a reestruturação feita no Votorantim ao longo dos últimos três anos manterá o banco no azul daqui em diante. “Este será um ano de lucro, enquanto 2015 será de rentabilidade bastante atraente”, afirma Teixeira.

Apesar de não haver previsão de expansão da carteira de crédito de R$ 54,9 bilhões, o Votorantim espera melhorar seus resultados com a redução dos calotes. A taxa de inadimplência, que encerrou 2013 em 5,1%, seguirá em queda, pela previsão de Teixeira.

Com a casa arrumada, o Votorantim deve estreitar as parcerias com seu sócio, o Banco do Brasil. No varejo, por exemplo, o banco atuará como uma espécie de correspondente do BB na distribuição de crédito para veículos novos. No atacado, o Votorantim quer oferecer às empresas atendidas pelo BB produtos como derivativos.

Em outra ponta, o Votorantim quer aproveitar a sociedade com o BB para reduzir seu custo de captação. Em vez de vender Certificados de Depósito Bancário a investidores institucionais, o banco deve passar a vender mais carteiras de crédito ao BB, uma opção mais barata que tem a sua disposição.

A conquista do equilíbrio do banco foi comemorada pelos executivos do Banco do Brasil (BB) – sócio do Votorantim – que desde o ano passado anunciavam essa expectativa. “Os problemas foram sanados. O banco está com lastro e capacidade de gerar resultado”, afirmou o presidente do BB, Aldemir Bendine.

O caminho até aqui, entretanto, tem sido árduo. O maior banco do país, que desde 2009 mantém uma parceria estratégica com o Votorantim, já aportou R$ 2,2 bilhões na instituição, em que comprou uma participação de 45% por R$ 3 bilhões. Além disso, desde a parceria selada, os anos de prejuízo do Votorantim superam os de lucro em R$ 870 milhões.

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