Agente de Desenvolvimento: função indispensável no BNB

O Banco do Nordeste do Brasil é composto por um quadro de funcionários com elevado grau de comprometimento com a sua missão. No entanto, um segmento se destaca como emblemático: o Agente de Desenvolvimento, pelo seu caráter próprio. Segmento este que vem sendo desvalorizado ao longo do tempo pela Direção do Banco, o que tem gerado dúvidas quanto à sua manutenção e importância para uma atuação estratégica com foco no desenvolvimento. Uma medida, que podemos caracterizar como equivocada neste mister, e que a Associação dos Funcionários do BNB (AFBNB) tomou conhecimento, partiu recentemente da Superintendência Estadual do BNB no Maranhão.

Para justificar uma possível “renovação dos quadros”, que já anuncia a substituição paulatina de alguns dos antigos agentes por novos funcionários “que estejam dispostos a encarar o desafio de acelerar o processo de desenvolvimento do Estado”, a Super-MA enviou comunicado este mês a todos os funcionários do BNB naquele Estado. Na mensagem, convida todos aqueles “que se sintam desafiados para o exercício da função de Agente de Desenvolvimento” a se inscreverem com vistas a “criar um banco de reserva de Recursos Humanos para a função”. Tal medida, além de equivocada do ponto de vista da uniformidade de procedimentos do Banco, ainda apresenta um teor de dissimulação, pois alimenta a cultura de diferenças entre antigos e novos funcionários. Além do mais, representa uma prática clássica de assédio moral, pela sua natureza desqualificadora e desestimuladora, sem reconhecimento da contribuição dada ao longo de anos por esse importante quadro de funcionários do Banco.

A falta de uma política estratégica, consistente e continuada de atuação para o desenvolvimento, na qual o Agente de Desenvolvimento, em especial, e todos os funcionários do Banco possuam o seu papel específico, enquanto agentes de um Banco de Desenvolvimento, proporciona a tomada de decisões como esta da Super-MA. Enquanto hoje se fala em “banco de reserva para a função” e “desafios” que visam tão somente cumprir metas, ontem a realidade era bem diferente.

O Programa Agente de Desenvolvimento foi criado pelo BNB há 12 anos. O modelo, formatado em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) compreendeu um rigoroso processo de seleção. Referido processo envolveu desde análise curricular, prova escrita, entrevista, um importante treinamento específico, com módulos com enfoque no desenvolvimento, todos em caráter seletivo. Os selecionados, por sua vez, passaram por intensa capacitação ao longo do exercício da função. Iniciava-se, assim, de forma intensa, a presença do BNB nas localidades.

A estruturação qualificada do crédito e a ação direta junto aos atores econômicos e institucionais, construindo relações baseadas em desafios para estimular a transformação de realidades de comunidades com pouca ou quase nenhuma inserção na economia, no âmbito de uma arena de discussão e compromisso local, constavam como algumas das atribuições do Agente de Desenvolvimento. Esse era, naquele momento, um papel diferenciado, de vanguarda e extremamente respeitado pela sociedade, independentemente dos vieses operacionais e metodológicos, porventura existentes.

A partir de 2003, essa função passou por várias alterações, mudando o foco do desenvolvimento local para o territorial. Outra mudança foi a redução dos quadros de Agentes, de mais de 500, em sua plenitude, para 200. O BNB, então, passou a exigir um “novo perfil” para o Agente de Desenvolvimento, que deve ser “comprometido com resultados”, dentre outros aspectos.

A AFBNB vem acompanhando todo este processo, já tendo se pronunciado reiteradas vezes sobre a questão, bem como solicitado audiências com as áreas competentes para discutir o assunto, sem a devida correspondência. A avaliação é que a Direção do Banco do Nordeste, apesar do clamor da base, já expresso em diversos fóruns, não tem tomado uma atitude estratégica de fortalecer as ações de desenvolvimento como foco primordial e diferencial do BNB – inserindo-se, neste contexto a valorização da função dos agentes de desenvolvimento, assim como outros segmentos de funcionários. Ao que parece, o interesse maior é o atendimento às exigências do mercado, hoje representado no desespero pelo cumprimento de metas.

Medidas como a Super-MA merecem ser questionadas, pois aviltam não só um grupo de Agentes de Desenvolvimento, como também todo corpo de funcionários, além de apontar na perspectiva da precarização do trabalho, haja vista a falta de critérios para seleção anunciada na mensagem. Na realidade, é um desrespeito ao trabalhador, que antes de tudo, é um ser humano que tem dignidade e somente por isso, merece respeito. A AFBNB cobra explicações e exige que tal direcionamento não faça parte da política de Recursos Humanos do Banco, e entende ser este, um ato isolado. É importante destacar que qualquer política, independente da época, do governo e da direção, seja empresarial ou partidária, exige ética, maturidade democrática e espírito republicano, além de uma profunda compreensão e ação de humanidade.

Dessa forma, a AFBNB registra que, mesmo sendo uma ação pontual da Super-MA – a atitude tomada é de competência da Direção Geral – a qual, por meio das áreas correspondentes, deve formatar um modelo de atuação do Banco conforme a sua missão, bem como uma ação uniforme de inserção dos funcionários nas suas políticas. Portanto, enfatiza que a atitude e a sua repercussão são de responsabilidade da Direção Geral.

Por fim, a AFBNB ratifica seu intuito de participar das discussões sobre esta e as demais questões pertinentes aos funcionários do Banco, e registra que vai formalizar solicitação de audiências com todas as áreas do Banco envolvidas na questão.

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