Direção do Santander força trabalho além da jornada regular

O Santander passou a fornecer pacotes de telefonia e internet a seus gerentes PJ. Os gastos ficarão a cargo do banco. A aparente cortesia da direção da empresa esconde a intenção de exceder a jornada de trabalho dos bancários. E sem qualquer aumento de salário ou pagamento de hora extra.

Com essa medida, o banco pretende que os gerentes estejam à disposição dos clientes além do horário comercial. Outra recente mudança que corrobora essa intenção é o NPS, novo mecanismo de avaliação criado pelo banco no qual os clientes classificam o atendimento baseado na relação de proximidade que os gerentes mantêm com eles.

Aplicativo
Junto à disponibilização do pacote de internet, o banco também criou um novo aplicativo interno, o Santander Now, que veicula conteúdos como cursos e treinamentos.

“Atendimento a clientes, cursos e treinamentos devem ser feitos dentro da jornada de trabalho, que existe para ser respeitada”, afirma Wanessa de Queiroz, dirigente sindical e bancária do Santander.

“Os bancários trabalham para viver com dignidade junto às suas famílias, para ter direito ao lazer e ao descanso. Não vivem exclusivamente para trabalhar e dar lucro para uma direção que todos os anos demite milhares de pais e mães de família a fim de recontratar outros empregados com salários mais baixos visando lucros ainda maiores”, protesta a dirigente.

O Sindicato cobra que o Santander cumpra a Convenção Coletiva de Trabalho dos bancários e respeite a jornada regular de trabalho. E no caso destes profissionais trabalharem além do período regular, que o banco pague horas-extras. E contrate mais funcionários a fim de diminuir a sobrecarga de trabalho.

Sobrecarga
E os dados do Banco Central comprovam que a sobrecarga de trabalho tem se intensificado no Santander.  Em 2016, o banco espanhol tinha 782 clientes por empregado. Um ano depois essa relação cresceu ainda mais: 836 clientes para cada bancário. Aumento de 6,9%. A quantidade de empregados refere-se a holding Santander e não somente dos trabalhadores em agências. Portanto, a relação nas agências pode ser ainda maior.

E dinheiro não falta para contratar mais a fim de atender melhor os clientes. Em 2017, o Santander faturou R$ 15,6 bilhões apenas com a cobrança de prestação de serviços e tarifas bancárias. Esse valor cobre toda a despesa de pessoal, que foi de R$ R$ 9 bilhões. E ainda sobram R$ 6,51 bilhões. Os dados são do balanço do banco.

“Se o Santander quer captar mais clientes e manter mais proximidade com os mesmos, deveria contratar mais funcionários ao invés de sobrecarregar os existentes. Até porque a falta de funcionário gera sobrecarga que se traduz em má qualidade no atendimento e insatisfação.

Não por acaso, o Santander foi o segundo banco com mais reclamações de clientes consideradas procedentes pelo Banco Central no primeiro trimestre de 2018”, enfatiza Wanessa.

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