Bancos economizam quando empurram clientes para fora das agˆncias

(São Paulo) Os bancos querem criar uma nova modalidade de atendimento para clientes de baixa renda. Além dos quase 90 mil pontos de correspondentes bancários, criados pelos bancos para viabilizar o pagamento de contas fora das agências, as instituições financeiras querem, agora, criar lojas para recebimento de contas pagas em dinheiro.

 

De acordo com estudo divulgado pela federação de bancos (Febraban), 45% dos clientes levam mais de 15 minutos na fila até conseguir atendimento. O estudo informa também que 67% dos que enfrentam filas têm renda mensal inferior a R$ 1.000 e que, em 78% desses casos, as contas são pagas em dinheiro.

 

Para o presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Luiz Cláudio Marcolino, a Febraban quer arrumar uma nova desculpa para criar uma nova modalidade de precarização do serviço bancário e de atendimento à população mais carente.

 

“Primeiro foram as terceirizadas que prestam os serviços de retaguarda às agências bancárias, expondo o sigilo bancário dos clientes. Depois os correspondentes bancários, que nasceram com a mesma desculpa de acabar com as filas nas agências e não conseguiram”, destaca o dirigente. “O movimento sindical vem insistindo há anos: o que acaba com as filas é colocar bancários nas agências, abri-las em horário comercial, com dois turnos de trabalho.”

 

Nos últimos 20 anos, o número de bancários caiu pela metade em todo o Brasil, de 800 mil para 400 mil. Em 1993, quando o Brasil tinha 655 mil empregados em bancos, cada bancário era responsável por 67 contas correntes. Em 2005, cada funcionário de agência bancária é responsável por 236 contas correntes. No mesmo período, o lucro das 11 maiores instituições financeiras do país saltou de 1 bilhão para quase 24 bilhões.

 

“Os bancos economizaram muito com a informatização do atendimento e com a transferência de uma série de serviços para terceiros. E lucram como nunca. Mas prestam um serviço de má qualidade, expõem os bancários a doenças e são odiados pela sociedade”, afirma Marcolino.

 

O presidente do Sindicato lembra que o custo de uma operação na boca do caixa, nas agências, custa cerca de R$ 1,10. Na internet e nos auto-atendimentos, R$ 0,10. Nos correspondentes bancários, no máximo R$ 0,50. “Também somos contra as filas e isso poderia mudar com a contratação de mais trabalhadores. Não vamos admitir a contratação de temporários e tampouco a exposição dos bancários, que já estão saturados por cobrança de metas, a horas-extras que só vão servir para facilitar a vida dos banqueiros. Quando inventam essas saídas cômodas, deixam de lado preocupações como o cuidado com o sigilo bancário e a segurança de clientes e trabalhadores”, completa o dirigente.

 

Fonte: Cláudia Motta – Seeb SP

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