Audiência em SP destaca importância dos bancos públicos para a sociedade

O movimento sindical bancário entregou ao deputado Marcos Martins (PT), durante audiência em defesa dos bancos públicos, realizada na noite desta terça-feira (7), na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), na capital paulista, um pedido para que seja criada uma frente parlamentar em defesa dos bancos públicos na Alesp.

“Não tem sido fácil, deputado, construir esse diálogo pelo Brasil, pois temos encontrado poucos amigos do povo nas casas legislativas do país. Por isso, primeiramente quero agradecê-lo pela abertura deste espaço”, disse Roberto von der Osten, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), ao abrir sua fala.

O presidente da Contraf-CUT destacou a importância e o papel das audiências que estão sendo realizadas em todo o país. “Elas servem para dar visibilidade e para dialogarmos com a sociedade brasileira sobre o sucateamento dos bancos públicos. Estão demitindo funcionários e reduzindo a capacidade de investimento para dar a impressão de que os bancos públicos não prestam um bom serviço à população e devem ser privatizados para os serviços melhorarem”, destacou Roberto von der Osten, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).

O dirigente disse também que existe quem pense que a luta em defesa dos bancos públicos é uma luta exclusivamente corporativista do movimento sindical bancário em defesa do empego. “Nós defendemos o emprego sim. Afinal, estamos falando da metade dos empregos dos trabalhadores do sistema financeiro. Não é pouca coisa. Mas, o mais importante é o debate que estamos fazendo sobre o que é público e o que é privado”, observou. “Se é público é para todos e se é privado é para poucos. É impressionante como isso é claro no sistema financeiro. O que move o banco privado é a rentabilidade, a liquidez, risco, garantias e, principalmente, o local de atuação. Está cheio de banco privado na avenida Paulista, mas na periferia, lá no Jardim Camargo Novo (extremo leste da cidade de São Paulo). Lá só tem a agência da Caixa, que o governo Temer queria fechar, mas nosso movimento de resistência impediu. Corremos o Brasil fazendo esse debate e o que percebemos é que nas pequenas cidades só tem banco público”, completou o presidente da Contraf-CUT, lembrando o movimento pela manutenção da agência da Caixa do Jardim Camargo Novo, no bairro do Itaim Paulista, extremo da Zona Leste de São Paulo.

Ivone Silva, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região lembrou ainda que os bancos públicos devem ter atenção com as questões sociais. “Quando fomos no Jardim Camargo Novo e em outras agências que a gestão da Caixa pretende fechar, ouvimos as pessoas se assustarem com a informação sobre o fechamento das agências. Elas dizem: ‘Como vai fechar!? Essa agência é importante para mim, é importante para minha vida, é importante para o bairro, é importante para o comércio local’. As pessoas que querem fechar essas agências, que querem privatizar os bancos públicos, olham apenas os números e se esquecem que existem pessoas que dependem dessas agências, que dependem desses bancos”, disse Ivone.

O secretário de Imprensa e Comunicação da Federação dos Bancários da CUT de São Paulo (Fetec-CUT/SP), Leonardo Quadros, também comentou sobre a reversão da decisão da diretoria da Caixa, que queria fechar a agência do Jardim Camargo Novo. “Só foi possível reverter esse pedido do governo Temer com envolvimento ativo de toda a população e da sociedade organizada contra a medida. A agência era a única para atender uma população de 100 mil habitantes do bairro. Era a única agência porque os bancos privados não têm interesse naquela região, porque não é um mercado rentável do ponto de vista do ‘negócio’. Isso resume um pouco a história e a importância dos bancos públicos. Eles atuam onde os privados não têm interesse em atuar”, afirmou o dirigente da Fetec-CUT/SP, que é funcionário da Caixa.

Atuação dos bancos públicos
“Os bancos privados não são impedidos de fazer o financiamento do Fies. O Fies pode ser financiado por qualquer banco, mas somente o BB e a Caixa optam por fazer isso. Eles também não são impedidos de fazer a administração do ativo do Fundo de Garantia, eles podem fazer financiamento com recursos do FGTS, mas para eles não interessa porque não cabe uma margem de retorno que, para eles, seja interessante”, observou Leonardo Quadros.

Ivone Silva ressaltou ainda o papel dos bancos públicos no fomento aos pequenos e médios agricultores, à habitação e os pequenos empreendedores. “Se fecham o BNB (Banco do Nordeste), ou o Banco do Brasil, imagina o que vai ser da agricultura familiar. Se os pequenos agricultores, que colocam os alimentos em nossa mesa, não tem financiamento, não conseguem plantar. E nós não teremos alimentos em nossa mesa. No centro de São Paulo, por exemplo, prédios que antes estavam abandonados, foram ocupados e viraram moradia graças ao Programa Minha Casa Minha Vida, financiado pela Caixa. O mesmo acontece com as pequenas oficinas de costura, com as cooperativas e outras pequenas empresas. Somente a Caixa aceita abrir essas contas. Os bancos públicos são importantes para o país. Não defendemos apenas os empregados, mas um projeto de Estado que seja para todos, para pessoas, cidadãos que dependem, no seu dia a dia, dos bancos públicos”, disse a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo.

Roberto von der Osten também destacou a importância dos bancos públicos para o desenvolvimento socioeconômico e para a redução das desigualdades regionais. “É fácil perceber que esta ferramenta (banco público) é utilizada para distribuir igualdade de oportunidades, para arrumar a simetria do desenvolvimento setorial e regional. Os bancos públicos servem para corrigir uma falha do sistema do capitalismo. Eu duvido que alguém convença banco privado a atuar nas pequenas cidades do Nordeste, da Amazônia, investir em infraestrutura da maneira como os bancos públicos investiram. Os bancos públicos foram criados para isso, quando os estados precisaram de crédito para se desenvolver, lá nos anos 1920, 1930”, afirmou.

Para ele, o ataque aos bancos públicos é uma questão ideológica e comercial. “A tentativa de retirada dos bancos públicos do mercado é uma parte do neoliberalismo. É uma encomendada dos grandes bancos privados que financiaram o golpe. Eles acusavam os bancos públicos de concorrência desleal porque estes últimos ofereciam crédito mais barato, oportunidades de maneira diferenciada” disse.

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